segunda-feira, 19 de setembro de 2011

ONDE NASCE A GRATIDÃO?



Essa lógica inconveniente parece clara: A vida se encontra muito além do nosso controle e zomba dos nossos cuidados. Não é difícil convir que exista uma infinidade de motivos e efeitos, causas e conseqüências que simplesmente infligem os mais calculados planos, sem nenhum respeito surpreendem previsões minuciosas e, potencialmente, extrapolam nossas forças. Saiba que o som da existência reverbera uma música impregnada de notas alheias a sua escolha. Uma música rascunhada com rimas e risos, porém, quando enfim perfeita, pronta para ser cantada, de repente... faz chorar! É a vida! E diante desta, o que é o homem senão uma criança?

O que está frente a você é uma falsa sensação de segurança e controle, pois nem toda tecnologia moderna, reunida como um muro de proteção, não é maior do que tsunamis de trinta metros de altura, e toda a supremacia econômica não paga a mínima parte do empréstimo que temos com nosso planeta. A cada dia se constroem mais presídios, mais modernos, mais seguros na certeza que o modo humano de viver é previsível. As universidades nos prepararam bem para o sucesso no mercado, só não avisaram que a vida não é um shopping e as relações sociais não se sustentam apenas na troca.
De repente nos encontramos inevitavelmente fracos, diante de um mundo sobremodo maior do que nossos esforços de proteção. De repente nos encontramos frágeis e sensíveis a toda sorte de possíveis adversidades que são imanentes à vida. De repente nos encontramos como diante de espelhos e nos vemos feios, com nossas imperfeições à mostra. Os pensamentos mais egoístas do íntimo meu, rechaçados em público e os erros que marcam, para que nunca ousemos esquecer que somos seres inacabados. Quando, por fim, nos encontramos incapazes e ignorantes a qualquer falso sentimento de poder... Já não de repente, o caminho por diante é indesviável e a sensação prestes a nascer após um longo tempo de gestação, diz respeito somente a duas palavras, respectivamente nessa ordem, indignidade e posterior gratidão. No coração dos indignos, seu nascedouro, a gratidão é notável.
No momento que a vida se ergue bravia contra nós, e o que resta é a certeza da capacidade e dignidade que nos falta... somos sorrateiramente surpreendidos diante do transcendente que de forma imerecida e não condicionada presenteia- nos com a faceta mais maravilhosa que a vida esconde. A despeito de todo o perigo a de redor, leva- nos por águas tranqüilas e contenta o nosso coração com uma alegria que até então fora desacreditada. Toma para si os nossos sonhos e quimeras e como o ourives manuseia- os para que sejam a mais pura obra de suas mãos. A surpresa diante do inesperado e a felicidade diante do presente imerecido precedem de maneira ultima a real gratidão. Por certo, chorosos de contentamento, caímos abruptamente de joelhos no chão e não haveria outra forma de se pôr, pois toda a beleza contida nesse único “Hoje”, e não bastante, mas cada benção que vem ao encontro de surpresa, ou mesmo o ar que inconscientes respiramos, por certo não é somente resultado final da dignidade ou muito menos de capacidade humana, logo, é milagre! Deus é sua causa primeira.
Fazer de cada bem, de cada momento, de cada realização um milagre sem igual, é a forma mais bela de atribuir a Deus a razão e o destino de toda nossa gratidão! Graças a Ele.



Castro Lins

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