terça-feira, 4 de agosto de 2009

Escultura



Não escondas o rosto,
Assim da vida...
Retiras...
Todo o gosto.
És obra esculpida,
És arte escultura,
Sou artista
Em loucura,
Desejando ser arte,
Tinta e versos
Para encontrar-te.
Apenas perto;
Apenas parte;
Parte da tua moldura.
E por amor
Que poeta criador
Não se faz criatura?
Mesmo Deus fez-se homem,
Escritor,
Ao mesmo tempo escritura.
Teus olhos
Dois sóis,
Puras, brancas nuvens,
Limpos lençóis.
Orquestra dos céus
Sua mansa, doce,
Límpida voz.
Os cabelos teus:
Mar negro,
És a mais perfeita
Criatura de Deus
Feita em segredo.
Sorria...
Teu mover de lábios
Encanta, embriaga,
Enlouquece os sábios.
Choro com ar divino,
Uma lágrima
Mergulha no mar
Faz dele... mais salino.
Tão doce até salgar,
Um beijo...
Enlouqueceria as ondas,
Seria cômico, estranho,
Nem imaginação sonda
Essa quimera,
Quem dera sonho.
Traços de menina,
Banha-se a bailar
Na chuva
Vinho de muita idade,
És videira,
Uva... felicidade.
Afasta-te!
Oh! infame
E vil vaidade.
Não devo tocar-te
Dizer o nome,
O amor fez-me covarde.
Já não há sons no piano,
As notas loucas repetem
Emudecidas: “te amo... te amo”.
Medo de compor,
Oh! minha linda partitura!
Apenas escultor
Que admira, tu safira,
A mais linda escultura.
Castro Lins

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