sábado, 9 de janeiro de 2010

VIVOS

A morte roubou lágrimas de Deus! Jesus chorou ao ver o sepulcro do amado Lázaro. A vida roubou lágrimas de um homem, foi quando a morte se fez mais preferível que a vida; todavia, da vida sabemos da dor pertinente a ela, da morte nada sabemos... essa relação, para alguns, é um risco sensato, daí a morte é uma aposta no mínimo coerente.

Em dias de fome e desigualdade entre os homens, uma mulher foi impelida a prostituir-se para alimentar seus irmãos ainda crianças. Alguém lhe indagou com furor: “ o que te impede de lançar-te daquela ponte, para que o feroz rio recolha tua vida e leve em suas águas todo o teu sofrimento?” Ela chorava, e não sabia responder-lhe. Ele olhou para a velha cama ao seu lado e viu uma bíblia sobre os lençóis, de repente, já com as escrituras sobre as mãos, esse jovem homem insiste para com a moça imperativamente: “leia para mim sobre a ressurreição de Lázaro!” Assim ela o fez, e o capítulo chega ao fim com a seguinte e literal frase: Lá estava... “ uma prostituta e um assassino diante das Escrituras Sagradas.” Esse breve trecho do livro “Crime e Castigo” de Dostoiévski, mostra em sutilezas a violência e dor pertinente a vida. O jovem assassino teve sua resposta, não proveniente das palavras da mulher, pois talvez nem ela mesma sabia ao certo o que a sustentava viva. A resposta que ele procurava estava sobre a cama, bem ao seu lado.

Quando assolados pela sombra do suicídio, na busca do alivio das dores do mundo, percebo o quanto Deus é a única base solida, sustentáculo, que faz da vida ainda mais preferível que a morte. O alívio incerto que busca-se na morte, encontra-se, indesviavelmente, em Deus.

Jesus Atrai para si de braços estendidos e olhos fechados em amor... suicidas, prostitutas, assassinos, publicanos, ovelhas perdidas, pobres, doentes... Todos encontram nele o perdão de seus crimes, e consolo de suas almas torturadas brutalmente pela culpa. Todos inclusos, assentados ao redor das escrituras, como famintos em busca de pão numa mesa farta, como mariposas atraídas pela luz sedutora. “O cristianismo - ponderou Nietzsche - tomou o partido de tudo que é fraco, vil e malogrado...” Talvez suas mentes não saibam ao certo responder o que os sustenta vivos, mas convêm saber... que neles há vida mesmo cercados pela morte, marcham a caminho da felicidade mesmo em prantos.

A morte ainda hoje rouba lágrimas de Deus, no entanto Jesus trouxe Lázaro de entre os mortos, pois enfim Ele preferiu a vida, e acrescentou: “Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crer em mim ainda que morra viverá.” Depois de tanto procurar a resposta... agora sei o que ainda me mantem vivo!
Castro Lins

Um comentário:

  1. Po Castro, muito legal o texto! eu ainda não tinha lido ele, com calma. eu acredito que a nacessidade de ser absolvidos, de uma redenção os fazia sentir devedores. Acho que esse sentimento que falta em nós hoje, e talvez´seja isso que aproxime ladrões, prostitutas e outros malfeitores á Jesus.
    Que Deus continue te abençoando.
    Raphael!

    ResponderExcluir