quinta-feira, 4 de novembro de 2010

CONSELHO

CONSELHO

“O que diremos, pois, à vista dessas coisas?” As vezes fogem as palavras. Sou um bom escritor impessoal, todavia, quanto mais próximo do meu leitor, mais desmontado fico.
É muito fácil ser distante, descompromissado para com o outro. Tendo em mente esse diagnóstico C. S. Lewis afirma ser o amor, esse em suas diversas facetas, um caminho direto, e por vezes sem volta, para o sofrimento!
Quando criança, eu ingênuo suficiente, a parte de qualquer preservação própria, dava-me empenhado a amar meus amigos e pais irrestritamente sem saber que estava fadado a dar de cara com o sofrimento... Diante dessa surpresa inconveniente, passei a odiar o amor pela sua forte ligação ao desespero e dor...
Fui castrado dolorosamente desse sentimento vil decidido a não mais sofrer.
De repente, no beliche do meu quarto de internato, sozinho, senti que alguém corajosamente abrira as partas do amor. Tentei adverti-lo do sofrimento por vir, mas ele não me deu ouvido e ousou amar-me consciente de toda a dor que isso lhe causaria. Ele me amou primeiro, e amou até o fim... até a cruz. Nada em troca me pediu, nada de ide ao mundo, nem a igreja. Somente Vinde... Vinde a mim... Vinde de novo... Vinde... e eu o atendi!


Sempre, inclusive hoje, temo o amor e estou certo que ele não faz sentido, pois enfim, como diria Camões: “ele é contrário a si...” e no seu decorrer depara-se com a dor conseqüente, mas já não importa: “é dor que dói e não se sente.”

Instantes dizem que algumas pessoas conseguiram desvendar o segredo do amor, vou contar-lhe não porque resolvi o enigma, narro apenas o que ouvi dizer: O amor e a dor são entrelaçados, todavia para raros, o amor cresce tanto... que a dor assim, mais parece um detalhe que afeta e machuca no entanto não detém, pode ferir mas não mata, aviva. Nessa fase o amor é posto na balança junto ao sofrimento e o desnível da balança nos diz que a dor é um preço mais que justo para o amor...

É sobre a cruz que lhe falo em metáforas! A cruz abominável pelos homens foi apenas um preço justo e pequeno diante da Salvação e do plano inequívoco de Deus. A cruz é parte da história como conseqüência inerente a um amor sem igual, todavia ela não é o fim... é somente parte.

Enfim... conselhos chateiam quando muito longos. ... Quero apenas que lembres que não importa os esforços seus para amar alguém, tudo que é verdadeiro nasce em atentar aos repetitivos: Vinde... Vinde... Vinde... Esse é o segredo mais público que conheço. Vai! Esse é meu conselho.


Castro Lins

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