sábado, 28 de agosto de 2010

SE EU MORRESSE AMANHÃ




Se eu morresse amanhã,
O esquecer seria pleno,
Quem nesta triste manhã
Fecharia meus olhos ao menos?




Bruma de saudade sem valor,
Quem essa frágil criança mata?
Diga em que peito bateria amor,
Herdaria quem minha rasa falta?



Salvo as saudades de minha mãe,
A que coroas mais eu estaria preso?
Meu céu incolor, amigos, irmã e
O amor que trata-me em vil desprezo?




A mísera pena que não te iluda,
Quisera eu morresse amanhã,
Seria a dor cruenta enfim muda
Por sopro gélido em febre terçã.




Eu, se mesmo morresse amanhã...
Podes tu adornar primaveras,
Podes tu flori minhas quimeras,
Tu, compor a vida menos vã?




Seria o passado o que não era
E que não foi, o que se espera
Dar-me-ia uma esperança sã?



Amanhã se morresse eu
Aprenderia a tecer alvas manhãs,
Vestidos de aurora em pontos de lã...
Repouso terno no colo de Deus.




Levaria aos céus algum adeus?
Não sei! Pois se amanhã eu morresse,
Seriam tristes mais os dias dos meus?
Nem lágrimas ou ais levaria desses!





Futuro que seria não pode ser,
Seria se eu não morresse amanhã e
Se não - oh Deus- seria capaz de morrer!


Castro Lins

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