Interessa atentar aos amigos e o modo como nos relacionamos com eles. Estranhamente, cada vez menor a proximidade, mais os tratamos com cordialidade e respeito. Temos- os semelhantes a visitas, oferecendo sempre o melhor - como um sinal de hospitalidade - tendo sempre em mente que as visitas nunca permanecem por longos períodos em nossas casas, assim, esse sacrifício cordial é encarado como breve, finito e louvável. Todavia quando se trata de amigos de verdade as ordens se invertem: ao invés de uma breve visita e posterior afastamento, o amigo a cada dia se aproxima mais tornando a cordialidade e o respeito um sacrifício duradouro demais que logo é posto de lado. Não é difícil identificar sinais de bons e velhos amigos, basta perceber os apelidos carinhosos ou gozadores; basta observar a implicância de um com o outro, ou a forma cara de pau que um se intromete na vida do outro sem medir palavras nem vender conselhos.
As formalidades se corrompem, pois nunca de boa consciência alguém, despercebido, deixaria escapar uma furtiva lágrima na frente de uma ilustre visita, porém, no que diz respeito aos amigos, lavamos o chão com todo nosso pranto se assim exige um desabafo. Mais cômico ainda é o modo ao qual reivindicamos dos nossos amigos alguns direitos: atenção, carinho, conselhos, dinheiro emprestado, telefonemas em horas importunas, depoimentos virtuais, memória impecável e entre outros. Fardos por vezes pesados e que nunca ousamos impor a um estranho. Favores a níveis mais difíceis remetem sempre ao amigo de nível mais verdadeiro, de modo que os sacrifícios do cotidiano estão sempre a cargo dos melhores amigos. Nem mesmo a memória dos amigos escapa de tantas exigências quando a questão refere-se a datas. As brigas também são um fator curioso, pois não é difícil crer que na mesma medida eminente da amizade, ocorre uma freqüência maior de brigas e uma disposição ainda maior para reconciliações.
Penso nesse instante, que todas essas estranhas relações entre amigos assemelham-se ao tratamento mais comum entre os irmãos: para esses, as implicâncias e discussões são tão normais quanto a ternura, altruísmo e proteção de caráter fraternal; de forma que os sinais de um desapontamento e total afastamento entre amigos ou irmãos não são exatamente as brigas, exigências, invasão de privacidade ou a falta da cordialidade ... mas sim, sem dúvidas, o sinal mais verificável corresponde a indiferença nos diversos aspectos da vida do outro. A inevitável petrificação do coração ocorre, não completamente, quando se deseja o mal a alguém – esse estágio de maldade nem sempre é alcançado – na verdade a forma mais comum de separação se faz quando não nos importamos nem mesmo com o bem e muito menos com o mal que afeta aquele que outrora foi próximo a nós.
Essa semelhança aparente entre o relacionamento de amigos e irmãos, não tem outra razão lógica a não ser o fato que a amizade é um caminho de aproximação que alcança a estatura da irmandade, implica também no que diz respeito aos desagrados, como já ditos: implicâncias, exigências... Todavia o fator mais glorioso é o aspecto da proteção e apreço cabíveis aos irmãos, porém conquistados com bravura pelos amigos. É uma elevação do amor... como mágica que transforma dois sangues distintos num único somente. A amizade é desafiar o destino e reescrevê-lo inserindo na história dois irmãos que outrora foram estranhos, nascidos de mães diferentes. As relações do amor são confusas de métodos indelicados, que por vezes fogem do nosso entendimento, e aos olhos dos homens são engraçados e sem sentido. Por outro lado, os incovenientes da intimidade são um preço mínimo comparado ao prazer de um amigo verdadeiro... Fazer dos simples visitantes da vida, irmãos para eternidade... é como fazer de um mundo separatista e indiferente uma enorme família num banquete de natal. Bem aventurado quem faz de um amigo um irmão chegado.
Castro Lins
Se eu dissesse que este é o mais belo de todos os textos, estaria mentindo pois todos me encantam,mas esse marca de forma especial.
ResponderExcluirLia quando ouvia uma musica que gosto muito.
Esse texto me fez refletir bons momentos que passamos com amigos, momentos que nao tem preço.
Momentos que fez minha historia, historia a qual vc fez parte.PARABENS PELO TEXTO QUERIDO
EU TENHO ORGULHO DE VC..
BJO MARCIA RODRIGUES
Eu SÓ exijo a memória impecável rsrs
ResponderExcluirCastro, muito lindo esse txt...já é peculiar em vc a forma singela com que expressa a amizade; continue versando, enamorando nossas vidas...
ResponderExcluirMuito bom! Me vi em muitas partes do texto! :)
ResponderExcluirCastro, continue assim! Quem sabe um dia vc não escreve um livro?!!! ;) bjs!
Castro, já diz na palavra do SENHOR DEUS que "há amigo mais chegado que um irmão", e ainda, que "a todo o tempo ama o amigo e na angústia nasce o irmão." (Prov. 17:17)
ResponderExcluirEm um determinado momento a amizade é realmente tão grande, verdadeira e honesta que já qualifico como "irmamiga" ou "irmãomigo", ou ainda "manomigo", "manamiga"n e glorifico ao SENHOR por ter concedido pessoas mais que especiais na minha vida e que refletem nela exatamente o que foi expressado no seu texto! Saiba que dentre essas pessoas você é participante!!! Sempre foi!!!
PARABÉNS!!! Bjos. Lu.
Àh, o que quis dizer no comentário anterior: "e glorifico ao SENHOR por ter concedido pessoas mais que especiais na minha vida e que refletem nela exatamente o que foi expressado no seu texto!" não representa a estranha amizade, daquelas que o tempo apaga, onde no início eram percebidas as rosas e depois os espinhos sobressaíram e permaneceram, mas sim a amizade que permaneceu firme e sólida!!!
ResponderExcluir"Amigos são como o sol, não é preciso que estejam sempre por perto, porque de longe estão presentes em nossas vidas." E assim é a nossa amizade Castro Lins!
Obrigada por tudo! Bjos, Lu.